A interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais) é um campo em constante transformação, especialmente quando se insere em contextos artísticos e culturais. Mais do que transmitir significados linguísticos, o intérprete é responsável por recriar atmosferas, emoções e ritmos que compõem a experiência estética de uma obra. É nesse ponto que a teatralidade se torna fundamental: ela amplia a potência da comunicação e possibilita que a comunidade surda vivencie plenamente o espetáculo.
Ao unir técnicas de teatro à interpretação em Libras, abre-se um espaço para a criação de experiências mais inclusivas, ricas e expressivas. Esse diálogo entre arte cênica e acessibilidade é o que fundamenta iniciativas como o curso de extensão Libras em Cena: imersão em técnicas de teatro, promovido pelo FortradLab/UFG em parceria com a Escola de Pós UFG, que busca preparar intérpretes e tradutores para desafios específicos da cena artística.
Panorama histórico: Libras e o diálogo com a arte cênica
Desde os anos 1990, com a regulamentação de Libras como língua oficial (Lei nº 10.436/2002) e a crescente valorização da comunidade surda, abriu-se espaço para novas formas de atuação profissional. No teatro e em outras linguagens cênicas, a presença de intérpretes passou a ser cada vez mais requisitada.
Festivais culturais, companhias de teatro e projetos educativos passaram a incluir intérpretes em suas produções, reconhecendo a necessidade de tornar as artes mais acessíveis. Contudo, nem sempre essa atuação se limitava à tradução literal: muitas vezes, os intérpretes se viam diante do desafio de incorporar elementos corporais e expressivos que aproximasse a Libras da linguagem teatral. Assim, a teatralidade deixou de ser apenas um recurso adicional para se tornar um elemento central na interpretação artística.
Teatralidade como recurso de inclusão
Diversas iniciativas pelo Brasil têm demonstrado como a teatralidade na interpretação em Libras abre caminhos para a inclusão cultural. Em festivais de teatro e música, por exemplo, é comum que intérpretes trabalhem em dupla ou em rodízio para manter a energia cênica durante longas apresentações.
Um caso marcante ocorreu em adaptações de peças clássicas, como Shakespeare, em que intérpretes utilizam recursos de corpo e expressão facial para transmitir o tom dramático das falas originais. Outro exemplo são shows musicais acessíveis, em que intérpretes incorporam movimentos coreográficos e ritmo corporal, aproximando o público surdo da experiência estética vivida pelos ouvintes.
Essas práticas revelam que o intérprete em contextos artísticos não atua apenas como mediador linguístico, mas também como performer, com papel ativo na criação de sentidos.
Desafios da formação atual
Apesar dos avanços, ainda existe uma lacuna significativa na formação de intérpretes e tradutores de Libras para atuação em contextos cênicos. A maioria dos cursos de graduação e capacitação prioriza ambientes educacionais ou institucionais, deixando em segundo plano a preparação para situações artísticas.
Isso faz com que muitos profissionais aprendam “na prática”, sem orientação sistematizada em técnicas de teatralidade, o que pode gerar insegurança ou limitar o alcance comunicativo. Além disso, há uma escassez de materiais didáticos e pesquisas acadêmicas específicas sobre o tema, o que reforça a necessidade de iniciativas formativas complementares.
Como o curso Libras em Cena supre essa lacuna?
É nesse cenário que o curso de extensão Libras em Cena: imersão em técnicas de teatro, promovido pelo FortradLab/UFG em parceria com a Escola de Pós UFG, surge como uma proposta inovadora.
Em um encontro único, com 10 horas presenciais de prática intensiva (20/09/2025, na Faculdade de Letras da UFG), os participantes terão a oportunidade de:
- Desenvolver competências corporais e faciais aplicadas à interpretação em Libras;
- Trabalhar o uso do espaço e a presença de palco;
- Exercitar ritmo, estética visual e adaptação de cenas teatrais;
- Integrar teoria e prática para potencializar a atuação em contextos artísticos.
Voltado para intérpretes, tradutores, artistas, estudantes e demais interessados, o curso oferece uma formação inédita que alia acessibilidade, cultura e performance. Com vagas limitadas a 50 participantes, é uma oportunidade rara para quem busca se destacar na área.
Conclusão
A teatralidade não é apenas um recurso estético: ela é uma ponte de inclusão que garante à comunidade surda o direito de vivenciar plenamente a arte. Ao trazer a interpretação em Libras para o palco com presença, ritmo e emoção, os intérpretes ampliam horizontes e contribuem para uma sociedade mais acessível e culturalmente rica.
Se você atua — ou deseja atuar — na interface entre Libras e artes cênicas, não pode perder essa oportunidade.
📍 Curso de Extensão Libras em Cena: imersão em técnicas de teatro
📅 20/09/2025 | Faculdade de Letras/UFG
⏱ 10h presenciais
⚡ Inscrições até 15/09 | Apenas 50 vagas